25 janeiro, 2013

Não queres perder tempo a ser feliz. Não queres correr por aquilo que ainda não sabes se queres, que ainda não sabes se te será útil, se um dia, será teu. Não queres porque tens medo do cansaço. Medo da respiração ofegante de correr tanto numa estrada vazia. Imaginas a felicidade no ponto de chegada, com uma placa de bem-vindo. Mas nunca a vês. A cada pisada mais á frente, mais longe pareces ver. E continuas a ter medo. Tanto medo que te começam a tremer as pernas e abrandaste o ritmo da corrida. Não queres o desespero, não queres a morte que se desfaz na luz que caminha ao teu lado. Mas que também não vês. Não queres perder tempo a ser feliz, a agarrar a noite que cai e o tempo que te resta. São hesitações que se agarraram, frustrações que não quebram, passividade que passeia. Não lutas. Não gostas de lutar. Sentes que és mais um, no meio de um todo. Que a tua felicidade existe, mas que não és dono dela. Que te perdes pelo caminho. Enfias-te num canto para que ninguém te veja. Não há lugar para dúvidas ou mudanças radicais. Mas todos nós temos uma voz que nos diz: Aproveita o teu tempo. Acabas por sair da tua concha e aprendes a rir um pouco mais. Mas só enquanto te lembras. Enquanto alguém não te mata o espirito. Enquanto te sabe bem e não se torna desconfortável, frio, distante. Mas aproveita o teu tempo. Não racionalizes tudo como se a vida estivesse sempre dentro do teu cofre, intacta para ti, resistente ao tempo e utilizável quando queres. Acorda. Perde tempo a ser feliz que é tempo bem perdido.

2 comentários:

Joana disse...

gostei imenso! e tens toda a razão!

Abbie disse...

e...encantas-me, mais uma vez