24 janeiro, 2012

amamos a cidade. amamos o frio da noite. amamos os casacões e o ar em forma de nuvem que sai da boca. amamos os barulhos da calçada. amamos os risos. amamos as múltiplas janelas que contam histórias. E amamos sobretudo,passar junto das mesas e cadeiras dos cafés abertos até de manhã. amamos sentarmo-nos nelas e conversar sobre nada. Foi assim que nos conhecemos,foi assim que nos inspirámos um ao outro. eu e tu em lados opostos da rua,a olhar de relance. tu olhavas para as minhas sabrinas com uma forma peculiar,eu olhava-te para os óculos arredondados que te davam um ar menos comum,mais viajante. Passei para o teu lado da rua,com a intenção que tu mesmo pensaste. ora bem,que mais poderia ser? queria ver se o teu tom de voz tinha uma relação com a tua figura e com o bom ar que davas à cidade. Não escondi,não havia nada para esconder. E fui sempre assim a vida toda,sem me arrepender. Faço porque faço,e sei que me corre bem,sei que tenho as palavras certas. Tu,oh tu,deu-te graça. meti-te a maior graça do mundo quando te toquei no ombro e te pedi um cigarro. eram raras as vezes que fumava,mas apeteceu-me fumar em conjunto contigo,apeteceu-me estar ali,parada,junto á parede do prédio,a ver-te fumar. a ver-te o charme nas veias,que era demasiado para um só corpo. oh,se era. reparei que trazias contigo um livro já meio estragado e meio desfolhado,sem dó nem piedade. percebi logo que era o que fazias quando ias tomar café ou quando saias para a tua hora de almoço. Perguntaste-me se era nova na cidade ou se costumava esconder-me nos buracos. Eu respondi-te que tinha alergia ás multidões e por isso,decidia ficar dentro do café,a olhar sorrateiramente. E foi só isto. percebi por onde passavas,todos os dias e era só esperar por ti para fumar mais um cigarro lentamente. Cheguei a perguntar-me porque é que vivia aterrorizada com as pessoas de lá para cá. cheguei a aperceber-me que se as estudasse á medida que as via de longe,tinha muito mais piada. E comecei por ti,exactamente. Hoje,andamos de mãos dadas pela rua abaixo,mas preferimos desce-la durante a noite. Parecemos daqueles artistas aventureiros que só dormem 2 vezes por semana e passam os dias com os olhos a brilhar por tudo aquilo que vêm,quando saem à rua. andamos ao mesmo ritmo,baloiçamos os braços ao mesmo ritmo,e de vez a vez,ainda nos encostamos para fumar o nosso cigarro da meia noite. o melhor do dia. o mais nostálgico. Se me tirassem esta vista,tiravam-me tudo. E como eu gosto de ti debaixo das luzes,como eu gosto de ti a olhar para mim,como se fosse a primeira vez,olhar curioso,como quem diz "vale a pena reparar".

13 comentários:

Raquel Pires disse...

Que bom que isto está, a algum tempo que já não lia algo assim!

carina disse...

...sublime. sem palavras joana

claire disse...

oh joana o teu cantinho faz-me suspirar

carina disse...

ohh, é? que bom ler isso
o teu blog continua sempre dos melhores, igualmente a escrita

claire disse...

oh é linda linda.e tu és um doce,muito obrigada:))

sophie disse...

adorei muito :)

inês disse...

vale mesmo. lindo

mary disse...

oh, então abraça! e oh,sabes:)tu escreves com tanto coração,com tanto amor. só me apetece ter um amor assim.

mary disse...

compreendo que sim, e é bom saber isso. gostava muito de escrever outra vez com alma.e bolas, isso vai acontecer em breve.

ines disse...

és amor da cabeça aos pés e fazes-me sorrir

mary disse...

e vou voar.ohoh se vou!

Emmeline disse...

somos muito isto não somos?ter vontade de te ler quando minutos antes reparo que fizeste o mesmo. gosto tanto de chegar e ler te

Mariana disse...

Um mimo... Não precisas de aceitar só quero que saibas que gosto bastante de ler o que escreves. Continua a surpreender-me.
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