09 novembro, 2011

eu e eu

esteve um dia tão feio lá fora e eu só pensava no bom que é ainda ter o quente cá de dentro. aquele que só se vai se o deixarmos ir,que só se cansa se o deixarmos de ouvir. vesti um casaco meu que já tem uns 2,3 anos e sai à rua. peguei no guarda chuva e sentei-me dentro do café da rua principal para beber um chá e um scone. gosto mesmo de cafés com janelas grandes,que nos envolvem pela paisagem da rua. as vezes até gosto quando olham lá para dentro como se o tempo fosse demasiado curto para fazerem uma pausa e beberem um simples galão. apetece-me chamá-las e dizer-lhes para se sentarem comigo,que eu tenho todo o tempo do mundo e que se quiserem,podem falar dos problemas que lhes enchem os dias. mas tenho mesmo todo o tempo do mundo,aprendi a viver assim. e nada me apanha,porque não aposto em nada. só ando,observo,falo quando tenho as palavras certas e mantenho-me eu,a tempo inteiro. levo sempre o meu livro comigo,que leio apenas uma página nos sítios mais calmos,todos os dias. ler é reservar tempo para mim,para sonhar,para viver também. faz-me confusão quando me respondem "não tenho tempo para ler". toda a gente tem tempo para fazer mais do que uma das coisas que gostam,apenas se deixaram acreditar na desculpa de todos. acredito que ler é uma terapia e acredito ainda mais,que se fizesse parte da rotina de meio mundo ler pelo menos 1 página todos os dias,eram mais os sorrisos ao passar na rua. gosto de andar a pé,passar pelas lojas com montras bonitas,de passar pelos jardins,de ouvir o barulho das músicas que aparecem de vários lados,gosto disto. de passear,de não ter pressa. de ser diferente de todos. de me sentir quentinha com o coração no lugar certo. de me pôr em primeiro lugar sem deixar de acreditar nos outros. tenho ainda a minha flor,a minha querida lis. tem os olhos verdes e é pequenina como eu. nunca me desaponta,lê o mesmo livro que eu 1 vez por dia,costuma apanhar-me no café e beber comigo o chá enquanto falamos na nossa viagem. é tão bom tê-la a ela ainda mais nos dias feios,em que me dá um empurrãozinho para nunca me esquecer do quente do meu coração. é tão bom não combinar nada e saber precisamente que há mesma hora,ela vai estar lá numa mesa de duas cadeiras. ela gosta mais da chuva,eu gosto mais do frio e o céu um bocadinho mais aberto. mas não deixo de gostar de passear à chuva enquanto todos parecem desorientados e eu apenas distribuo sorrisos. até já me perguntaram como consigo,mas nem eu sei responder. nem sei se sei ensinar a fazê-lo. mas eu acredito numa coisa-muitas das coisas verdadeiras,raramente se vêem. este é o caso,em que,não recebo sorrisos de volta mas sei que no fim do dia,o meu faz sempre diferença a alguém. sei que se lembram,apesar de não se manifestarem. e só isso basta. só isso. não é viver para os outros, é viver de alma quente,com algumas certezas e sabedorias. certeza que o mundo não somos só nós,e que acabamos por ser recompensados sem nunca termos esperado nada em troca. 

6 comentários:

ines disse...

Estou mesmo só a espera do dia em que escrevas um livro, grande e cheio de amor, igual a ti, tão bom, tão bonito, tão puro. Oh Joaninha, és linda

Rita Q. disse...

que doçura de texto! tens toda a razão, se toda a gente lesse pelo menos uma página de um livro por dia, seriam muito mais felizes :')

mary disse...

és tão bela, e quase que vi a Ana Moura aqui. não a mary, mas tanto a Ana..e olha, inspiras-me.

Joo disse...

Para ficticio está muito bonito :)

Federico Panarello disse...

love so much this immage!

Emmeline disse...

sabes meu amor,sinto me sempre muito mais perto de ti quando te leio...muito mais.