05 janeiro, 2012

gostava de ouvir mais vezes os pássaros a cantar e que eles me soubessem traçar o caminho,numa folha de papel. ser tão simples como isso. que as árvores nascessem outra vez a cada sorriso de felicidade. Gostava que quando olhasse ao espelho,me visse a mim e a outra. a outra que está sempre lá,que segura,que não deixa nada cair por muito tempo. essa outra que nos diz tanto. essa outra que se esconde quase todo o ano mas que aparece quando o coração se transforma numa bola de lã e dá gritos que ninguém ouve. Numa mão seguro as certezas,na outra as incertezas. ohh,e como me apetecia tanto baralhá-las ás duas para que ficasse um misto de consciente e inconsciente. que ás vezes,só as vezes,sabe tão bem. não ter a necessidade de categorizar nada que é logo o primeiro instinto deste meu pequeno mundo. grande e pequeno mundo. Ouvi dizer um dia,quando ainda sabia brincar com as poças de chuva e com as sombras no chão,que o espaço que nos envolve é maior do que pensamos. que só faz sentido haver um pôr do sol e um mar dourado,se houverem olhos que sabem olhar e corpos que sabem ficar. só assim o mundo é grande,grande e cheio de luz. saber ficar,sempre soube. saber olhar,apenas pela metade. secalhar as noites frescas mereciam mais de mim,um pouco mais. Ou secalhar o meu mundo precise mais de mim,devagarinho devagarinho. secalhar é a outra que precisa mais de mim,agora. precisa de saber onde é o lugar dela neste momento,se lá ou cá. Eu pedia-lhe para agarrar na minha mão das incertezas e escondê-las no bolso. num bolso com fecho. muito apertadinhas para não as conseguir ouvir. É isso,elas têm mais voz. e eu que tenho a queda para o que não faz falta. Só precisava de saber que o céu é azul,que o sol consegue entrar pela janela da minha casa,que a lua é a melhor companhia para adormecer e que o meu lugar é onde me consigo encontrar,nem que por pequeninos momentos. Todos nós temos o nosso lugar,mesmo que só nos tenhamos cruzado com ele uma vez,por dez minutos. é onde nos sentimos seguros,com vontade de olhar em frente. Onde conseguimos respirar sem nada a prender,como uma corda a ser puxada de cada lado.é como digo,o lugar onde sabemos que o espaço que nos envolve é maior do que pensamos e que até foi feito para nós. Onde nem tudo é demasiado importante,mas nós somos. somos a peça da paisagem que ás vezes se sente nua,tal como nós. oh sol,não te escondas. hoje tomei coragem e vim até aqui,ao lugar dos desabafos. ofusca primeiro as palavras que pairam aqui,ao pé de mim e de ti. não preciso delas,nunca precisei. dá-me só mais disto,que é tão calmo. dá-me mais vida,para eu gostar mais do hoje do que do amanhã. 

5 comentários:

sophie disse...

adorei joaninha :)

Ana disse...

que lindoooo *.*

carina disse...

"Só precisava de saber que o céu é azul,que o sol consegue entrar pela janela da minha casa,que a lua é a melhor companhia para adormecer e que o meu lugar é onde me consigo encontrar" oh nem há palavras

carina disse...

ooh e tu és uma doçura, não tens de quê e obrigada eu:):)

Aurora disse...

que lindo joana